Everyone is a moon, and has a dark side which he never shows to anybody... Mark Twain
Wednesday, December 19, 2007
Tuesday, November 27, 2007
Saturday, November 03, 2007
Wednesday, October 24, 2007
:
E parecia aquele Tejo
este rio doirado
parecia até que tu vinhas
comigo a meu lado
ou seria das flores
e das matas cheirosas
das madressilvas dos frutos
das ervas babosas
:
E pareciam campinas
vales tão estendidos
pareciam mesmo os teus braços
que me abraçam cingidos
ou seria das silvas
do gengibre do benjoim
do cheiro daquela chuva
dos cacimbos enfim
porque haveria de ter
saudades tuas
ao longo de um claro rio
de água doce
:
E parecia verão
no imenso arvoredo
parecia até que dizias
qualquer coisa em segredo
ou seria dos dias
muito quedos
sem fim
das noites
muito melhor
assombradas
assim
porque haveria de ter
saudades tuas
ao longo de um claro rio
Ao longo de rio claro de água doce
(Fausto)
Wednesday, October 17, 2007
Tuesday, October 16, 2007
Adriano Correia de Oliveira ( 9 de Abril de 1942-16 de Outubro de 1982)
Adriano
Não era só a voz o som a oitava
que ele queria sempre mais acima
nem sequer a palavra que nos dava
restituída ao tom de cada rima
Era a tristeza dentro da alegria
era um fundo de feita na amargura
e a quase insurpotável nostaligia
que trazia por dentro da ternura
O corpo grande e a alma de menino
trazia no olhar aquele assombro
de quem quer caber e não cabia
Os pés fora do berço e do destino
alguém o viu partir de viola ao ombro.
Era Outouno em Avintes. E chovia
Manuel Alegre
Friday, October 05, 2007
Thursday, September 27, 2007
As Guerras da Gellhorn
Acabei de comprar "A Face da Guerra'. Uma selecção de reportagens de guerra desde a Guerra de Espanha até à Guerra do Panamá. Escrito por Martha Gellhorn(1908-1998), jornalista americana, dizem que é um livro emocionante como foi a vida da sua autora. Terceira mulher de Hemingway, parece que a senhora viveu a vida com intensidade, paixão e inteligência.
Já venho....
Não haverá retribuição, horas extraordinárias,
Saturday, September 22, 2007
Tuesday, September 04, 2007
Jose Angel Buesa
Venho do fundo escuro de uma noite implacável,
e contemplo os astros com um gesto de assombro.
Ao chegar à tua porta confesso-me culpável,
e uma pomba branca pousa no meu ombro
Meu coração humilde detém-se na tua porta,
com a mão estendida como um velho mendigo;
e teu cachorro late de alegria na horta,
porque, apesar de tudo, segue sendo meu amigo.
Ao fim cresceu o roseiral, aquele que não crescia
e agora oferece as suas rosas atrás da grade de ferro;
Eu também mudei muito desde aquele dia,
pois não tem estrelas as noites do exílio.
porém ao abrir tua porta, como se abre a um mendigo,
olha-me docemente, sem perguntar-me nada,
e saberás que não havia voltado... porque estava contigo.
Tuesday, July 24, 2007
Monday, July 23, 2007
Sunday, July 22, 2007
Como se não bastasse uma agora apareceu a gémea má. E como é má é morena, como nas histórias das princesas e das bruxas. Curíoso como funcionam os estereótipos do inconsciente colectivo: as loiras boazinhas (e agora também burrinhas) e as morenas, as mázinhas (e agora as muito mais safadas).
Aconselha-se a leitura urgente da Psicanálise dos Contos de Fadas, do Bruno Bertheleim. ;-)
'Divididos entre o bem e o mal, representados por príncipes, fadas e também por monstros, lobos e bruxas apavorantes, os contos de fadas encantam as crianças e os adultos desde a sua criação, que data da época medieval. Mas a sua função não pára aí, pois além do entretenimento, transmitem ainda valores e costumes e ajudam a elaborar a própria vida através de situações conflitantes e fantásticas.Jung, discípulo de Freud, referia que “Mitos e contos de fadas expressam processos inconscientes. A narração dos contos revitaliza esses processos e restabelece a simbiose entre consciente e inconsciente”
(------->>>> Vou à procura do João Ratão e já volto)
Tuesday, July 17, 2007
Não é que goste de olhar para o passado nem imaginar o futuro, mas nesta noite de insónia fui espreitar o meu moribundo blog do sapo ( e não digo morto porque não tenho coragem de o enterrar) e constatei que afinal estou completamente embrutecida.
Bem me dizia um amigo para eu recuperar alguns textos aqui para o blogspot. E eu de tão embrutecida que estou até me sinto orgulhosa só de copiar o que fiz há dois anos atrás (tomar consciência do estado de letargia servirá para acordar?!).
Em 31 de Outubro de 2005 escrevia:
Impressões
Gosto da palavra hoje! Parece dar-me a verdadeira dimensão do tempo: objectivo, acessível e prático. É verdade que ainda me perco no passado, sinto que me prende com as suas correntes mais do que o futuro. Mas o hoje é o que é possível!
Hoje, dei comigo a pensar na maravilha de alguns fenómenos. Como é que com 7 notas musicais se compõe uma infinidade de sons diferentes? Como, com 24 letras, se escreve em português uma imensidão de sentimentos, emoções e pensamentos? E como é que juntando 4 cores apenas (cyan, magenta, amarelo e preto) se pintam todas as cores da natureza?
Não entro nos pormenores dos processos físicos e químicos que explicam uma série de fenómenos, basta ficar por estes para tomar consciência da minha surpresa.
Hoje também constatei que já existem mais de 1000 entradas para este blog. Aos que aqui vêm, sobretudo para os que com os seus comentários, muitos deles tão assíduos quantos os posts que coloco, deixam um estímulo que desconhecem mas que eu sinto, envio o meu obrigada."
HOJE
constatei que em vez de andar para a frente tenho recuado em muitas frentes!
HOJE
estou com a impressão que esvaziei!
(lá no sapo, num blog que não tem posts novos há 2 anos, há tantos visitantes quanto neste em que, quase todas as semanas, copio umas merdas de umas letras animadas por umas merdas de vídeos. Obrigada aos resistentes!)
Monday, July 09, 2007
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.
Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
eu queria-te bem...
Wednesday, July 04, 2007
Thursday, June 14, 2007
COLUMBINA – Estou então entre dois fogos?
PIERROT (avança um passo, com ambas as mãos no peito) – O do meu coração, Columbina!
MEFISTÓFELES (avança também um passo, dobra-se numa leve reverência) – Columbina..., o do meu desejo.
COLUMBINA – Sois perseverantes, vejo-me reduzida a ouvir-vos. Já é um triunfo vosso. Ainda bem que sois dois, um neutralizará o outro. (Puxa de uma cadeira, senta-se a meio da cena, voltada para o público.) Vem cá Pierrot! (Pierrot, de salto, vem cair a seus pés) Vem também, Mefistófeles! (Mesfistófeles adianta-se com aprumo e graça, pára a seu lado, espera.) E agora divirtam-me! conquistem-me! façam-me esquecer que me obrigam a ouvi-los.
PIERROT e MEFISTÓFELES (a um tempo) – Quando aqui entrei Columbina... (Calam-se ambos, entreolham-se; cada um espera que o outro prossiga. Silêncio breve.)
COLUMBINA – Não comecem por falar ambos a um tempo! e não principiem assim. Que vão dizer-me? O comum: «Quando aqui entrei, Columbina, não supunha vir encontrar...» Ou então: «Quando entrei, Columbina, já trazia a certeza de vir encontrar...» Pelo amor de Deus! lembrem-se que sou uma rapariga mais ou menos moderna.
PIERROT – Eu não ia dizer isso, Columbina.
COLUMBINA – Apostamos que sim?
MEFISTÓFELES – Veio-te à cabeça que o dissesse eu?
PIERROT – Bem, Columbina: é verdade! Eu ia dizer: «Quando aqui entrei, Columbina, já sabia que me aconteceriam grandes coisas...»
COLUMBINA – Aconteceram, Pierrot?
PIERROT – Encontrei-te, minha Columbina.
COLUMBINA – Vês? Caíste na cilada.
PIERROT – Também a não evitei, Columbina.
COLUMBINA – Mas porquê? Por que disseste exactamente o que eu queria... isto é: o que eu receava que dissesses? Não sabes nada menos repetido?
PIERROT – As palavras mais repetidas podem tornar-se novas. Toda a gente as diz, quase ninguém as sente.
COLUMBINA – Ninguém! Só tu.
PIERROT – Sou poeta, Columbina. Descubro a virgindade das coisas gastas.
COLUMBINA (para Mefistófeles) – Socorre o teu amigo, Mefistófeles! Pierrot está em grande perigo.
PIERROT – Em grandes perigos. A qual te referes?
MEFISTÓFELES – Não sou amigo de Pierrot. Não o conheço.
PIERROT (imediatamente) – Não sou amigo de Mefistófeles; nem pretendo conhecê-lo.
MEFISTÓFELES – Só perdes. Tenho algum interesse.
PIERROT – Talvez também tu percas. E a falar verdade, não me parece que tenhas grande interesse.
MEFISTÓFELES – Estás a ser pouco amável, Pierrot. Não é uso, cá na roda, tratar-se um rival com essa falta de cortesia.
PIERROT – Quem te diz que pretendo aprender os costumes da tua roda?
MEFISTÓFELES – Sou mais gentil do que tu: Não quero crer que os ignores. (?)
COLUMBINA – Mas tem graça!: estamos aqui os três sem nos conhecermos. Tanto melhor... assim nos podemos interessar uns pelos outros. Que interesse podem ter as pessoas conhecidas?
in, as Três Máscaras de José Régio
Tuesday, June 12, 2007
Saturday, June 09, 2007
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
We meet every day at the same cafe
Six-thirty and no one knows she'll be there
Holding hands, making all kinds of plans
While the juke box plays our favorite songs
Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
We gotta be extra careful
That do we don't build our hopes up too high
Because she's got her own obligations
And so, and so, do I
Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
Well, it's time for us to be leaving
It hurts so much, it hurts so much inside
Now she'll go her way snd I'll go mine
Tomorrow we'll meet
The same place, the same time
Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
Saturday, May 19, 2007
Tuesday, May 15, 2007
Suddenly appear?
Everytime you are near
Just like me
They long to be
Close to you
Why do stars
Fall down from the sky?
Everytime you walk by
Just like me
They long to be
Close to you
on the day that you were born
The angels got together and decided
To create a dream come true
So they sprinkled moondust in your hair
Of gold and starlight in your eyes of blue
that is why all the girls in town
Follow you all around
Just like me
They long to be
Close to you
Just like me
They long to be
Close to you
Saturday, May 12, 2007
Sentado debaixo da bela olaia, repleta de flores roxas, observava os campos verdes que se espraiavam em frente do seu olhar cansado. Os olhos, que antes eram de um castanho vivo e intenso tinham agora uma auréola azulada em redor da pupila.
Era um homem alto, ainda forte, mas as costas estavam já curvando-se ao peso dos anos. A bengala já era quase a sua melhor amiga para o trazer ao mundo que existia fora das quatro paredes do seu monte.
Naquele final de um dia de Primavera o Sol ainda brilhava quente.
Amanhã vai estar outro dia de calor, pensou quando percebeu o céu azul mesclado de laranja.
Os dias de Inverno eram penosos porque o obrigavam a manter-se em casa, que ele partilhava com um rafeiro descendente de perdigueiro. Três sobrinhos, os parentes mais próximos, moravam a quase 10 quilometros de distância. Maior distância, nem quantificável, era a dos afectos que nutriam mutuamente.
Tinham conseguido um acordo com a Misericórdia local e as suas consciências tinham ficado serenas quando conseguiram que uma mulher fosse prestar dia sim, dia não a assistência ao tio. Fazia-lhe uma limpeza apressada à casa, tratava-lhe da roupa, preparava-lhe as refeições do dia e deixava alinhavadas as outras.
Ainda não tinha grandes problemas de saúde e para além dos remédios para a pressão arterial elevada e para as artroses que lhe atacavam sobretudo os joelhos, este homem não precisava de outros cuidados.
Recebia, de vez em quando, a visita do compadre, pai do afilhado que não via há mais 20 anos porque tinha emigrado para a Austrália. O homem vinha com mais boa vontade ajuda-lo a passar as horas do que ele a recebê-lo. O sacrifício das palavras forçadas era maior do que o da ausência de gente.
Frequentemente se lembrava da frase de uma mulher que lhe tinha passado pelas mãos, tocado ao de leve no coração mas nunca lhe alcançado a alma: gosto de estar sozinha porque consigo viver bem comigo.
Também ele, resolvidas as dúvidas sobre o objectivo da sua existência e das procuras nunca alcançadas, aprendeu a gostar de estar consigo.
Continuava de olhar fechado, sentindo a brisa que lhe trazia o cheiro da alfazema. Os barulhos da natureza assumiam uma densidade que invadia o corpo e lhe provocava um relaxamento imenso.
Sentiu um leve toque no ombro. O seu corpo estremeceu, não tanto pelo medo que não teve sequer tempo de se instalar mas pela surpresa da presença.
Abriu os olhos e viu uma mulher com uma criança pela mão.
A face pareceu-lhe familiar. Os cabelos castanhos, pelos ombros, enquadravam uma face comprida onde um olhar castanho esverdeado lhe sorria discretamente.
Bom dia, ouviu num espanhol aportuguesado, e sem que o deixasse sequer responder ao cumprimento acrescentou apressada:
Lamento o incómodo mas seria possível dar-me um copo com água para o meu filho? Andamos em passeio, não trouxe nada e ele queixou-se com sede. Como vi esta casa. Desculpe-me o atrevimento!
O homem assentou ligeiramente com a cabeça e fez o movimento de se levantar. Os passos longos e lentos encaminharam-no para a porta e antes de entrar olhou para trás e sugeriu que ela entrasse.
Obrigada, mas podemos esperar aqui, sorriu a mulher.
Até a voz lhe era familiar. Um timbre suave mas imperativo.
A memória, traiçoeira, trouxe-lhe a espanhola por quem um dia, há muitas luas atrás, se perdeu de amores.
Cruzou-se com ela em Rosal de la Frontera porque fazia parte de um grupo de espanholas conhecidas de um camarada de tropa. Quando a olhou sentiu uma imensa vontade em ficar com ela. E ficou!
Entre brigas de posse e momentos de serenidade organizaram os trapos e a vida.
Não casaram mas ela instalou-se na sua casa, na sua cama e no seu coração.
Briguenta e salerosa, animava-lhe os dias com conversas expontâneas e afectividades assumidas.
Achava-lhe graça, nunca lho disse mas ela sabia-o.
Um dia, correu para ele com uma carta na mão.
Vou a Sevilha, o meu primo que emigrou para França vem de férias à Andaluzia e eu quero visita-lo, disse ela alegre e saltitante.
Ainda se lembra de ter ficado paralisado sem saber o que responder.
Ainda se lembra de ter ficado espantado por ela ter decidido ir sem o consultar.
Ainda se lembra de ter registado o facto dela não fazer alusão à sua companhia.
Deixou-a partir sem lhe fazer notar a mágoa e os dias seguintes foram arrumados entre indecisões e certezas.
Recebeu uma carta que hesitou em abrir mas contrariado com a sua fraqueza acabou por saber que a espanhola tinha chegado bem, que o calor a tinha feito desmaiar na Plaza Mayor e que o bendito do primo tinha alugado uma casa com jardim interior e janelas engalanadas de ferro forjado ainda do tempo da guerra civil. Tudo muito bonito e até a madresita iria juntar-se à família para comemorar.
Carinõ, te amo! acabou ela a missiva.
Ele encolheu os ombros quando se findou o texto.
Um dia, a decisão acordou com ele e sentado no beiral da casa, traçou uma cruz no chão de terra batida. Depois, arrumou duas malas com os seus pertences mais pessoais, fechou as janelas e as portas, carregou a cruz às costas e partiu para Norte.
Soube que ela o procurou. Soube que ela não soube onde ele estava e soube que ela partiu surpresa e triste. Deixou de saber dela porque a tal se obrigou mas nunca conseguiu afastar a silenciosa presença da sua memória mais profunda.
Nós vivemos em Malaga, sou casada com um português que me tem mostrado o vosso país, explicou a jovem mulher enquanto esperava pela água.
O homem rodou sobre o tronco e estendeu-lhe o copo com a água.
Obrigada, sorriu agradecida, até um dia!
Deu dois passos e ainda se voltou para exclamar:
A minha mãe tinha um carinho muito grande por esta terra. Dizia-me que aqui a cheiro da alfazema decora os nossos sentidos nos finais de dia de Primavera!
O homem sorriu, o olhar brilhou e levantou a mão para dizer um adeus.
Depois voltou-se no sentido contrário e quando os olhos poisaram de novo sobre a natureza sentiu que os campos verdes com cheiro de alfazema também podem ser desertos imensamente áridos.
Com as costas da mão afastou duas lágrimas que teimavam em marcar-lhe a cara.
Thursday, May 03, 2007
Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só
Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Mafalda Veiga
Tuesday, April 24, 2007
Cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
Porque é Abril!
Porque a primavera da liberdade também foi feita pelas letras deste homem!
Sunday, April 15, 2007
Hoje não tenho sono!
Na semana passada aconteceu haver algumas noites em que também nao tive sono quando as horas já eram altas. Já na outra semana anterior assim foi!
Quando viajo fico assim!
A ansia de partir não me deixa sossegar os sentidos.
Como não vou fazer nenhuma viagem, daquelas, fisicas...de comboio, de avião ...
Será que sabes do que vou fugir?
Pois...
Friday, April 13, 2007
Sete pedaços de vento
Onde desejo se mata
Sete desejos carnais
Que o meu desejo desata
Meus lábios estrelas da tarde
Sete crescentes de lua
Que o desejo não me guarde
Na vontade de ser tua
Quero ser
Eu sou assim
Sete pedaços de vento
Sete vozes no jardim
No jardim que eu própria invento
Sete ares de nostalgia
Sete perfumes diversos
Nos cristais da fantasia
Amante de amores dispersos
Sete gritos por gritar
Sete silêncios viver
Sete luas por brilhar
E um céu para me acontecer
Entrego ao vento os meus ais
Onde desejo se mata
Sete desejos carnais
Que o meu desejo desata
Meus lábios estrelas da tarde
Sete crescentes de lua
Que o desejo não me guarde na vontade de ser tua
Que o desejo não me guarde na vontade de ser tua
Que o desejo não me guarde na vontade de ser tua
cantado por Cristina Branco
Thursday, April 05, 2007
Where there used to be rain
My yesterday was blue
Today I'm a part of you
My lonely nights are through
Since you said you were mine
Oh, what a difference a day made
There's a rainbow before me
Skies above can't be stormy
Since that moment of bliss
That thrilling kiss
It's heaven when you find romance on the menu
What a difference a day made
And the difference was you.
Saturday, March 31, 2007
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Monday, March 26, 2007
If you need me
Why don't you call me
Said if you need me
Why don't you call me
Don't wait too long
When things go wrong
I'll be there, yeah
Where I belong
Said if you want me
Why don't you send for me
Said if you want, want, want
All you gotta do is send for me
Don't wait to long
Just a pick up your phone
I'll be there
Right there, where I belong
People always told me, darling
That you didn't mean me no good
But I know deep down in my heart
I done the best I could
And one of these days, darling
It won't be long
You're gonna come walking through that door
And I know in my mind these are the very
I still love you
Always thinking of you
I still love, love, love
Always thinking of you
Don't wait too long
When things go wrong
I'll be there, right there
Where I belong
ah..já clicaram no alho francês?!
e agora não se esqueçam que, hoje dia Mundial do Teatro...
"Todos somos chamados, pelo menos uma vez na vida, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos"...
Felizmente há luar! Luis S. Monteiro
Thursday, March 08, 2007
Não conseguia parar mesmo que o corpo assim pedisse e lembrou-se da letra de uma canção do Variações: sou estou bem onde não estou!
Aquele local fez com que as memórias, escondidas há tantos anos, chegassem à flor da pele! Lembrou-se de um copo numa mão de um homem encostado a um balcão.
Foi isso mesmo! - recordou quando semicerrou o olhar para que a lembrança fosse mais real. Foi o copo quieto, com uma bebida quieta, preso num corpo quieto encostado a um balcão de bar, numa noite qualquer de verão.
Tanta gente que ali estava e o olhar resolveu descansar ali.
E depois?! Depois, o caminho mudou, tal como muda o trajecto de dezenas de pessoas quando o agulheiro faz o movimento mágico de mexer nos carris para orientar o comboio.
Que momento estranho aquele! - pensou agora, quando os passos pararam no mesmo local.
Olhou o balcão mas não o viu o copo, nem a mão, nem o homem mas sentiu-lhe o cheiro e o sabor da boca. O mar era o azul de um olhar perdido.
Suspirou, sentiu, tremeu e colocou os óculos escuros: o Sol fazia reflexo nas águas dos olhos!
Wednesday, February 28, 2007
O diálogo do eu ou o monólogo a dois
Devagarinho, o tempo foi aprisionando as vontades.
Hoje quando paro o olhar no horizonte questiono-me porque nos estamos esgotando.
Sabes que, quando gostamos de uma música, ouvimo-la incessantemente durante muitos minutos em quase todas as horas. Um dia, numa semana qualquer, percebemos que já não procuramos aquele CD para escolher aquela faixa.
Achas que estou a ser cruel, comparando o amor a uma canção?
Olha, estou vendo aquela mulher de olhos brilhantes, dizendo-me que há melodias eternas. Vou-lhe perguntar quantas vezes ela sente saudades de as ouvir. Ela não me soube responder!
Não olhes para baixo, não desvies o olhar da dúvida!
Porque me procuras tanto para esgotares a vontade de queres estar?
Wednesday, February 21, 2007
Monday, February 12, 2007
Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...
Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!
Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Por que chegaste tarde, ó meu Amor?!...
Florbela Espanca
Saturday, February 10, 2007
Hide in your shell cos the world is out to bleed you for a ride
What will you gain making your life a little longer?
Heaven or hell, was the journey cold that gave your eyes of steel?
Shelter behind painting your mind and playing joker
Too frightening to listen to a stranger
Too beautiful to put your pride in danger
Youre waiting for someone to understand you
But youve got demons in your closet
And youre screaming out to stop it
Saying lifes begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you scramble for
Dont let the tears linger on inside now
Cos its sure time you gained control
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know
Well, let me show you the nearest signpost
To get your heartback and on the road
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know.
All through the night as you like awake and hold yourself so tight
What do you need, a second-hand-movie-star to tend you?
I as a boy, I believed the saying the cure for pain was love
How would it be if you could see the world through my eyes?
Too frightening- the fires getting colder
Too beautiful- to think youre getting older
Youre looking for someone to give an answer.
But what you see is just an illusion
Youre surrounded by confusion
Saying lifes begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you can scramble for
Dont let teh tears...
... just let me know
I wanna know...
I wanna know you...
Well let me know you
I wanna feel you
I wanna touch you
Please let me near you
Can you hear what Im saying?
Well Im hoping, Im dreamin, Im prayin
I know what youre thinkin
See what youre seein
Never ever let yourself go
Hold yourself down, hold yourself down
Why dya hold yourself down?
Why dont you listen, you can
Trust me,
Theres a place I know the way to
A place there is need to feel you
Feel that youre alone
Hear me
I know exactly what youre feelin
Cos all your troubles are whithin you
Please begin to see that Im just bleeding to
Love me, love you
Loving is the way to
Help me, help you
- why must we be so cool, oh so cool,?
Oh, were such damn fools...
Sunday, January 21, 2007
Faz meu nome teu amor e amor
E amas-me então pois eu te chamo Ardor.
Se a alma te reprova e eu venha perto,
Jura à cega, que o teu amor eu fosse,
Ardor tem, como saber, sitio certo,
E assim me enchas, amor, medida doce.
Ardor enche de ardor e amor, teu cofre,
Ai, lardeia-o de ardor, e ardor a pronto
E bem prova que em vazadouro sofre:
Se o numero é grande, eu só não conto.
Faça o meu nome, teu amor e amor
Então que eu passe em grupo sem ser visto,
Sendo um nas contas dessa feitoria
Tem-me em nada, se te agradar registo:
De que este nada em ti é doçaria.
Faz meu nome teu amor e amor
E amas-me então pois eu te chamo Ardor.
Saturday, January 06, 2007
Caminho
feito de tempestades e de bonanças
com verdes e pretos,
manchado de cansaços e de esperanças.
Vou atravessando este caminho
que alguém pincelou
de gentes e de momentos,
que tatuam a minha memórias
e vou continuar a atravessar este caminho,
com o sangue dos meus medos
e a força da minha calma,
sem glórias.
Que haja sempre luz,
para que lute pelo que merece
e discernimento para abandonar
o me destrói a alma.
(aos meus filhos que transformam o meu caminho em primaveras cintilantes que iluminam o meu olhar)