Tuesday, April 26, 2011

A Internet tem esta vantagem absoluta de reduzir a distancia e o tempo. Também permite a magia atroz de conforme aparecemos na vida do outro podermos desaparecer sem deixar rasto algum que não seja a memória de uma presença, mais ou menos importante. São rápidos os elos que se criam e igualmente fáceis os nós que se desatam.

Quando criei a minha conta de Facebook, há cerca de dois anos, fui procurar colegas de liceu. Assolou-me uma memória simpática e calorosa daquele tempo. Aliás, tenho melhores recordações do meu tempo de liceu do que o da faculdade.

Uma das desvantagens das grandes cidades é que perdemos mais facilmente o contacto com as pessoas que entram na nossa vida nas suas diversas fases. O FB aliciava com a promessa de encontrar ‘amigos perdidos’. Adicionei o meu liceu e parti, sentada na minha secretária, para uma exploração no tempo.

Não me lembrava de muitos nomes completos e de todos os que estavam na minha memória apenas encontrei um, o de um colega de turma no curso geral. Lembrava-me perfeitamente da sua face aos 15 anos, do seu jeito alegre e descomprometido. Senti uma alegria infantil de saber dele, 30 anos depois. Reconheceu-me logo pelas poucas palavras que trocámos numa mensagem privada. Foi como se no dia anterior estivéssemos a tomar café no Sul América ou no Vává. Falámos dos empregos, da família e mostrámos a nossa satisfação pelo reencontro.

Não voltámos a trocar mais palavras mas ele ‘estava ali’, com a sua família e os seus amigos frequentemente a demonstrarem-lhe o seu afecto. Mostrava os seus passatempos e as suas preferências com uma cortesia despretensiosa. Percebi que aquele miúdo que tinha sido meu colega de carteira tinha-se transformado num homem de quem se gostava.

Não ia ver o seu mural com frequência mas no princípio de Fevereiro percebi que ele estaria com um problema grave de saúde. Deixei-lhe uma mensagem, não lhe perguntando nada mas desejando que o que fosse passasse rápido. Desactivei a minha conta nesse mesmo dia. Ontem, quando a reactivei, lembrei-me do Luis Filipe e se estaria melhor. Procurei-o mas a primeira mensagem que encontrei no seu mural, escrita por um amigo presente para os que não o eram assim tanto, dizia: Não sei se sabe, mas o Luis faleceu no dia 6 de Fevereiro.

A internet tem destas coisas, reduz o tempo e a distância. A internet permite que encontremos e  que percamos com tanta rapidez como a de um clique.

Não consegui reprimir uma lágrima e mais uma vez assolou-me uma canção que frequentemente lembro: Ignorance is bliss. Será?

Saturday, April 16, 2011

"Todas as coisas humanas têm dois aspectos... para dizer a verdade todo este mundo não é senão uma sombra e uma aparência; mas esta grande e interminável comédia não pode representar-se de um outro modo. Tudo na vida é tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que não podemos nos assegurar de nenhuma verdade." (Erasmo de Roterdão)

in Elogio da Loucura

Fiona Apple - Across The Universe [The Beatles Cover] (HD Official Video)

As Cariátides

Ontem, ontem, um tempo que parece tão longínquo, fui à estante e resolvi rever As Cariátides da Karen Blixen. Confesso que o escolhi não só pela autora, uma das maiores do século passado, e pela história mas pela dimensão porque não me apeteciam 'grandes obras'.


As Cariátides é um conto sobre a influência de uma mulher que assegura a tradição de uma familia senhorial por volta de meados do sec XIX. Um conto incompleto que nos deixa a liberdade de o terminarmos como quisermos.


A obra baseia-se no simbolismo das Cariátides, elementos da arquitectura da Grégia Antiga e que são colunas em forma de estátuas de mulheres que suportavam as arquitraves.



PS 1- gosto de textos justificados..também gosto de acções justificadas

PS2 - desactivei as contas do Facebook por uma questão de justiça. Na balança, no equilibrio das coisas que devem ser equilibradas, devemos estar ao mesmo nível, ao lado.