Thursday, March 08, 2007




O dia, cheio de horas de luz, levou-lhe os passos para junto do mar. Era final da tarde mas o Sol ainda brilhava quente quando iniciou a caminhada sem destino. Não queria pensar em nada de importante, só queria andar para gastar as energias acumuladas em horas horas de cansaço.
Não conseguia parar mesmo que o corpo assim pedisse e lembrou-se da letra de uma canção do Variações: sou estou bem onde não estou!
Aquele local fez com que as memórias, escondidas há tantos anos, chegassem à flor da pele! Lembrou-se de um copo numa mão de um homem encostado a um balcão.
Foi isso mesmo! - recordou quando semicerrou o olhar para que a lembrança fosse mais real. Foi o copo quieto, com uma bebida quieta, preso num corpo quieto encostado a um balcão de bar, numa noite qualquer de verão.
Tanta gente que ali estava e o olhar resolveu descansar ali.
E depois?! Depois, o caminho mudou, tal como muda o trajecto de dezenas de pessoas quando o agulheiro faz o movimento mágico de mexer nos carris para orientar o comboio.
Que momento estranho aquele! - pensou agora, quando os passos pararam no mesmo local.
Olhou o balcão mas não o viu o copo, nem a mão, nem o homem mas sentiu-lhe o cheiro e o sabor da boca. O mar era o azul de um olhar perdido.
Suspirou, sentiu, tremeu e colocou os óculos escuros: o Sol fazia reflexo nas águas dos olhos!

6 comments:

rucha_lx said...

Oi miguinha
Há qt tempo não estrava no teu espaço. Gostei do que li.
Um beijo
rucha

Papoila said...

Querida Lua:
Grata pela visita ao meu campo. Quando o agulheiro da vida mexe os carris e orienta o comboio...
Beijos

Anonymous said...

Ultimos dias para a votação, a Tibeu está em disputa com um blog brasileiro, está em segundo lugar.
Se poderes dá o teu voto o blog dela é espectacular. Vai a
http://newsblog.com.br/
e vota em -cantinho da tibeu-
Obrigada

WWW.bocadoce.blogs.sapo.pt

Lúcio Ferro said...

Oi Lua. Textos interessantes. Ainda gostei mais do anterior. Recordações, mémoria fatalismo. Por vezes é isso mesmo que sinto, outras nem por isso. Geralmente é quando estou mais cansado que seme solta a memória de outros tempos. Porque será?

PS - Apetecia-me uma omelete mista e uma salada de tomate, pepino, cebola e alface, a empurrar com pão alentejano. A acompanhar podia ser uma (pronto, duas ou três) imperial.

Lúcio Ferro said...

*"Memória", "é que se me solta".

Hoje estou lerdo de todo. Deve ser o cansaço... O que não dava agora para dormir a sesta na companhia de uma bela mulher...

Papoila said...

Olá!
Hoje é Dia Mundial da Poesia, Dia Mundial da Árvore e da Floresta e a Primavera começou aos 7 minutos de 21 de Março no hemisfério Norte…

Procuro as melhores palavras para escrever…
Apanho uma… escapa-se-me … foge…
escolho outra… nem sempre permanece...
Procuro bons sentimentos… boas sensações…
amor… paixão… segredos...
E pelo caminho vou encontrando
muito mais do que procuro...
Encontro por vezes o que não imagino…
Para atingir o que procuro
hei-de encontrar o necessário
entre as melhores palavras
para poder dizer-vos
o que vos devo…

A Papoila festeja 20000 visitas e um ano de blogosfera e tu muito contribuíste para tal. Bem-Hajas!
Beijo