Sunday, October 29, 2006



Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada

Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas

P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo

E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino

Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida

Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida
Sérgio Godinho, Ligação directa

Sunday, October 22, 2006

Instantes que recolhi de uma viagem à Noruega


Friday, October 20, 2006

Não sabes que....?

gosto de olhar as crias
e de perder-me de amor por elas
gosto do azul da terra
e de fogo na lareira
gosto de fruta com sumo
e da chuva nas janelas
gosto do cheiro de terra molhada
e da pele morena de verão
gosto do livro aberto
e do amor de fogueira
gosto do cheiro da terra
e de histórias de fadas
gosto da força do mar
e das ondas no paredão
gosto da imensidão do azul
e da lua feiticeira
gosto do riso aberto
e de piscar-te o olho
gosto do vinho no copo
e dos pés em cima da cadeira
gosto de flores na terra
e das estrelas no céu
gosto da flanela no Inverno
e de pé descalço no verão
gosto de morder-te os lábios
e de beber a água na fonte
gosto do riso aberto
e da paz do silêncio
gosto do preto e do branco
e no colo, o meu cão
gosto de tacão alto
e do perfume da alfazema
gosto da tua pele
e das tuas maos longas
gosto de olhar os rostos
e de quem aceita os seus medos
gosto de moinhos de água
e dos ventos de monção
gosto da musica da noite
e das luzes da cidade
gosto do rei de copas
e de heroinas de espadachim
gosto do vinho morno
e da cor da paixão
gosto de café amargo
e dos teus beijos doces
gosto de dormir na areia
e de enrolar-me a ti
ainda não sabes nada de mim?!

Tuesday, October 17, 2006




















A Lua (dizem os ingleses),
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.

Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando...
A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.
Fernando Pessoa

Sunday, October 15, 2006

Pronto, deu-me para isto! A loucura também não precisa de explicação!!!

Saturday, October 14, 2006























Quantas noites frias
a tua ausência me despiu
e gelou
sem poder tocar-te
na pele macia
que me vestiu
desde que nasci.
São, ainda, as tuas mãos
que agarro
quando o chão que piso
é feito de água
Não choro,
não morri
não estremeço
e não me amarro
mas fecho os olhos
e vejo-te
porque hoje voltaste
a estar aqui
minha mãe, meu amor,
minha mágoa.

Saturday, October 07, 2006

Que me perdoe o autor deste vídeo, descoberto por acaso no YT, mas não resisti em trazer para o meu canto estes recortes de uma saudosa NY e ...a musica é deliciosa....

Thursday, October 05, 2006






















Para ti

Para ti que vais comigo agora,
neste pedaço de caminho,
abro minhas mão,
minhas lágrimas e os meus risos
e me atormento no corpo
para descansar no teu carinho

Para ti que vais comigo agora,
neste pedaço de tempo ,
trouxe duas estrelas de onde vim.
Guarda-as junto à tua noite
porque, quando chegar o momento,
uma te pedirei para mim.

Sunday, October 01, 2006


















valsa dos amantes

há um sorriso pequeno
nos labios que amei
faz tempo que te não via
e ao ver-te pensei
estás mudada,
estou mudado
e dos jovens que um dia
se amaram nasceu este fado
há um sorriso pequeno
no homem que eu sou
iniciamos o amor
quando o amor nos chegou
não me esqueço,
não te equeças que
inocentes, escondidos,
escondemos o amor feito às pressas
não penses que te vejo
como outrora,
a vida esgota a vida
hora a hora
o tempo gasta o tempo
e marca a gente
o espelho mostra
como eu estou diferente,
não estou novo
não sou novo
mas não peças que a vida
te apague do fundo de mim
Jorge Fernando