Friday, March 31, 2006

Para deliciar os sentidos
A belissima Norah Jones
Sugiro que desliguem a música de base do blog clicando no ícon respectivo que existe na frame direita, mais a abaixo

Thursday, March 30, 2006


(pintura de klimt)

SONETO XLIV

Si todo mi cuerpo fuese pensamiento
la distancia cruel no se nos interpondría
pues yo volaría en el espacio
hacia el más apartado sitio donde habitas.

No habría entre nosotros materia alguna
pues el ágil pensamiento franquearía los mares
y allí donde tú estuvieres
yo decidiría estar.

Pero ¡ah! me mata pensar que no soy pensamiento
para salvar de un salto tan dilatada extensión,
y todo el mar y la tierra que nos separan
deberán esperar el transcurrir del tiempo.

Sólo con mis gemidos y amargas lágrimas,
hallo las prendas de amor de nuestro duelo.

William Shakespeare

Wednesday, March 29, 2006















Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo meu sonho,
dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas
Cecília Meireles

Tuesday, March 28, 2006

Hoje
hoje vi um raio de Sol pela janela,
senti o cheiro de Primavera
...foi um momento
mas tornou-me a manhã mais bela.
Sorriram as palavras,
disseram-se os sorrisos
e os passos caminharam na rotina,
não querendo ir com ela
hoje foi diferente
na igualdade dos dias

Sunday, March 26, 2006

Poema que Aconteceu
Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.
A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.
Drummond de Andrade

Saturday, March 25, 2006

Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse

Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse
ou se ao menos me desses as mãos como quem beija
e não partisses, assim, empurrando o vento
com o coração aflito, sufocado de segredos;
se ao menos percebesses que eram nossos
todos os bancos de todos os jardins;
se ao menos guardasses nos teus gestos essa bandeira de lirismo
que ambos empunhamos na cidade clandestina
Quando as manhas cheiravam a óleo e a flores
e o inverno espreitava ainda nas esquinas como uma criança tremendo;
se ao menos tivesses levado as minhas mãos para
tocar os teus dedos para guardar o teu corpo;
se ao menos tivesses quebrado o riso frio dos espelhos
onde o teu rosto se esconde no meu rosto
e a minha boca lembra a tua despedida,
talvez que, hoje, meu amor, eu pudesse esquecer
essa cor perdida nos teus olhos.
Joaquim Pessoa

Monday, March 20, 2006

'Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver' (Vinícius
)


Oiço-as as palavras,
com a voz de quem as escreveu
e latejam-me na pele.
A solidão apodera-se do meu olhar.
Estou eu,
exausta da areia
que me passa por entre os dedos
e do calor do Sol que me queima o rosto

Sinto as ondas do mar
que não vejo,
mas quando caminho,
não vou para lá.
Estou eu,
no meu desgosto
em direcção a nada,
e só a Lua é a mesma,
prateada!
Um céu e nada mais
Um céu e nada mais - que só um temos,
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão de ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
implodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais - que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em altorisco),
e a dança no trapézio proibido,
sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.
Ana Luísa Amaral

Sunday, March 19, 2006

This love
This love
This love is a strange love
A faded kind of mellow
This love
This love
I think I'm gonna fall again
And even when you held my hand
It didn't mean a thing, this love
This love
Now rehearsed we stay, love
Doesn't know it is love
This love
This love
It hasn't have to feel love
It hasn't need to be love
It hasn't mean a thing
This love
This love loves love
It's a strange love, strange love
This love
This love
This love is a strange love, strange love
I'm gonna fall again
It doesn't mean a thing
Think I'm gonna fall again
This love
(Craig Amstrong)

Amor estranho, suave que está apaixonado pelo amor...como muitos!

Friday, March 17, 2006

Sabes?

sabes do que me lembro de ti?
do teu olhar azul,
escuro e profundo,
do teu sorriso e das tuas mãos!
e esquecerei jamais
que o sopro da tua presença
alterou o meu rumo

Wednesday, March 15, 2006

BIZARRIAS
1
"Pessoas que não sabem que estão mortas" , livro de auto-ajuda foi seleccionado pela Bookseller como o mais bizarro do ano. Imaginem que o segundo lugar foi ganho pelo livro "Gestão de reservas de chifres para rinocerontes". Estou certa que vão já a correr comprar os dois...
2
Vai aparecer um novo 'franchising': pizzaria+gelados. Na konopizza quem sabe poderemos comer gelado de carbonnara e pizza de frutos silvestres.
3
Ahhh e isto tudo acompanhado da leitura de qualquer de um dos dois livros referidos atrás:
eitaa grande programa de fim de semana!

Tuesday, March 14, 2006

Soneto da Lua
Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:
E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!
Vinicius de Moraes

Saturday, March 11, 2006

Regresso

Na volta do tempo que passa

sem retorno,

suspende-se o ar

ficou o momento.

No regresso a casa ilumina-se

o olhar de alegria.

É sempre bom regressar,

rever e revisitar

e preparar a alma, para sair,

mais uma vez,

quem sabe,

um dia

É sempre bom voltar

O meu amor por você
Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu, nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor
Nem mais bonito
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça nenhum segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você
Roberto Carlos

Hoje descobri este simples, mas lindissimo, poema de amor cantado pela voz de Oswaldo Montenegro. Um encanto para os sentidos!


Friday, March 10, 2006

Os DonnaMaria são um trio de Lisboa e lançaram o seu primeiro álbum em meados do ano passado. Nesse disco, entre outras, estão incluídas a musica que estão ouvir 'Quase Perfeito' e uma nova versão da canção escrita e cantada pelo António Variações 'Estou Além' cuja letra coloquei no post anterior.
A não perder o 'Tudo é para sempre'
Estou Além
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei do que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
A quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem quem não conheci
Porque eu só quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem quem não conheci
Porque eu só quero quem quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
A vontade de partir
P’ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu mundo o meu lugar
Porque até aqui eu só
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir aonde eu não vou
Porque eu só estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir aonde eu não vou
Porque eu só estou bem aonde eu não estou
António Variações

Wednesday, March 08, 2006

O sol nas noites e o luar nos dias
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes.
Estou morta na quermesse
dos teus beijos.
Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Natália Correia

Monday, March 06, 2006

Sou meia-luz
Sou meio-irmão
Sou meia-noite
Meio-limão
Meia-idade
Sou meio mau
Sou meio-fio
Sou meia-nau
Sou meia-laranja
Sou meio-gás
Sou meia-lua
Meio rapaz
Meio-tempo
Sou meia-final
Sou meio-jogo
Sou meio animal
Sou meio tia
Sou meio-tom
Sou meia-lona
Meio bom
Meio-termo
Sou meio-corpo
Sou meio-vivo
Sou meio-morto.

Apague a luz se faz favor
Porque agora é meio-dia.
Nino Garbin

Sunday, March 05, 2006


Perde-se o olhar no horizonte,
procurando nada.
Oiço o silêncio,
cheiro o mar na sua força,
e deixo-me acariciar pela brisa.
Sinto-te na boca e
não penso.
Só sei que não estou aqui,
estou onde meu o olhar está

Saturday, March 04, 2006

Identidade
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que ha' no sofrimento.


Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Da' beleza e sentido a cada grito.


Mas como as inscrições nas penedias
Tem maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.
Miguel Torga

Wednesday, March 01, 2006

Prece

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum Deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe por onde tu passes

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas
Sophia de Mello Breyner
Parabéns meu filho, meu sangue