Friday, April 28, 2006
















Estou Além
Nao consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra nao chegar tarde
Nao sei de que é que eu fujo
Será desta solidão?
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem
quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem nao conheci
Esta insatisfação
Nao consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar
a procurar
A minha forma
O meu lugar
....
António Variações

Thursday, April 27, 2006



















Procuras no céu
entre milhares de sinais
brilhantes
e não a encontras.
Mas ela está,
disfarçada de noite,
numa quietude
imensa,
deixando o amor
para os amantes

Wednesday, April 26, 2006












Não posso adiar o amor para outro século
não posso ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite
e arda sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar ainda que a noite
pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século
a minha vida nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
(Antonio Ramos Rosa)

Tuesday, April 25, 2006












POETAS
Saiba já só a sangue, a boca;
Rompam-se os pulsos nas grilhetas;
- Sempre a tirania foi pouca
Para calar a voz dos poetas!...
António Cardoso

Sunday, April 23, 2006














Barco Negro
De manhã, que medo que me achasses feia,
acordei tremendo deitada na areia.
Mas logo os teus olhos disseram que não!
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois numa rocha uma cruz
e o teu barco negro dançava na luz...
Vi teu braço acenando entre as velas já soltas...
Dizem as velhas da praia que não voltas.
São loucas... são loucas!
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
pois tudo em meu redor me diz que estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros,
na água que canta no fogo mortiço,
no calor do leito dos bancos vazios,
dentro do meu peito estás sempre comigo.
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir,
pois tudo em meu redor me diz que estás sempre comigo.
David Mourão Ferreira

Thursday, April 20, 2006

Morning has broken,
like the first morning
Blackbird has spoken,
like the first bird
Praise for the singing,
praise for the morning
Praise for the springing
fresh from the world
Sweet the rain's new fall,
sunlit from heaven
Like the first dewfall,
on the first grass
Praise for the sweetness
of the wet garden
Sprung in completeness
where his feet pass
Mine is the sunlight,
mine is the morning
Born of the one light,
eden saw play
Praise with elation,
praise every morning
God's recreation of the new day
Cat Stevens

Wednesday, April 19, 2006

Já viste o infinito do olhar?
Encosta a tua face,
tão perto quanto conseguires
perceber o respirar.
Sente a pele sem a tocares
e olha os lábios.
Centra-te na sua forma
e goza o sorriso que é teu, ali.
Observa, devagar, cada pequena ruga,
cada pequeno sinal dessa face
e passa suavemente as mãos pelo cabelo.
Os olhos que, em cada momento atrás,
foram sempre porto de partida,
são agora, finalmente, o teu repouso.
Prepara-te para suspirar num silêncio.
Fecha os teus olhos para depois admirar:
são os contornos das pestanas,
olhadas uma a uma,
e os teus dedos que queres ver passear
naquelas pálpebras.
Depois, perde-te naquele
caleidoscópio de cores invisíveis:
viste o infinito
do olhar?

Tuesday, April 18, 2006





















Sei que o quotidiano nas sociedadees ocidentais é complicado, cheio de fragilidades e de problemas, que não deixam espaço para sorrisos.
Se repararem nas faces que se cruzam por nós, elas são espelho de preocupações e de medos.
Quantas vezes penso na última vez que cantei alto pela casa ou que troquei duas passadas de dança em frente do aspirador(e o aspirador não avariou).
Também me parece que os afectos, as emoções não trazem alegria: muitas vezes as frases escritas só mostram a dor, a saudade, a desilusão. Fernando Pessoa já dizia que o poeta é um fingidor, pelo vistos sofredor, já que até finge a dor que não sente!
Mas eu tenho tantas saudades da alegria como se ela fosse externa a mim e não o é.
Ah..como eu gosto de olhar rosto dos meus filhos pela manhã ou no final de um dia exasperante de trabalho!
Gosto de ver as brumas da manhã (quando me levanto cedo rsrs) sobre o mar.
Como gosto de me rir contigo e tocar-te com a brincadeira das palavras.
Ainda me deslumbro com as cores cores das flores, com azul imenso do mar.
E o som da musica que entra pela alma?
Sentir a pele, o cheiro e a alma da natureza.
Nada disto tem custos, nada disto precisa de mais dinheiro no banco!

Ainda invento a alegria
mas o que é verdadeiro
era senti-la minha
nascida de dentro
isso eu gostaria
Beije a alegria quando ela passa (Osho)

Sunday, April 16, 2006




















Há qt tempo que não falava da Loucura!
Padre, perdoa porque acabei de colocar mais um
post.
Perdoa porque não me dediquei a boas causas
enquanto estive aqui 5 minutos a escolher mais uma foto
e a falar de poesia.
Padre perdoa porque devia ter ido à igreja e
depois devia ter ficado a falar mal da vizinha
(porque do vizinho só se fala bem).
Padre perdoa porque não estou
fazer contas a mais um subsidio
para a uma qq organização que ajuda os 'pobrezinhos'.
Padre perdoa, porque declaro o meu IRS pela Internet e
pago os meus impostos do mesmo modo.
Deus perdoa a humanidade.
Vou fazer uma festa ao meu cão: espero que não seja pecado!




























Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Andersen

Wednesday, April 12, 2006




















Hoje não há escuridão
na noite profunda,
não há medos!
Os olhares perdem-se
em tempestade
de azul e de desejo revolto
beijam-se as bocas
em cada palavra dita
e os corpos
prometem-se eternos,
naquele momento.
Olha-se o céu
e hoje, lua plena
não há teatro,
não há cena,
só desliza suavemente
sobre a pele, o cetim
do véu

Tuesday, April 11, 2006















O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda

Monday, April 10, 2006




















Olhei-te por de entre as cores do campo
quando o orvalho as tornava mais brilhantes.
As brumas da manhã acariciavam os sapais
e o som das ondas ouvia-se ao longe.

Não, não existia essa paisagem
quando me passaste ao lado e estremeci.
Também não olhei para trás quando te vi.
Mas um dia, permanecemos juntos até ao fim do tempo e
um dia parti:

...eu não existo
sou o reflexo de uma luz que não é minha e
pairo no céu, presa em milhares de estrelas...
mas morro, a cada instante,
sobre a terra molhada,
ouvindo a força do mar
e sentindo a tempestade da trovoada.

Sunday, April 09, 2006

Learning to fly
(Pink Floyd)
Into the distance a ribbon of black
Stretched to the point of no turning back
A flight of fancy on a windswept field
Standing alone my senses real
A fatal attraction holding me fast how
Can I escape this irresistible grasp?
Can't keep my eyes from the circling skies
Tongue tied and twisted
Just an earth bound misfit, I

Friday, April 07, 2006

Metade
E que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos nem a boca.
Porque metade de mim é o grito,
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que tristeza.
Que o homem que eu amo seja prá sempre amado,
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,como a única coisa
que resta a uma mulher inundada de sentimento.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim
é o que penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
Que o convívio comigo
mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto
o doce sorriso que me lembre a liberdade da infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia,
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor, e a outra metade...também
Vinícius de Morais

Thursday, April 06, 2006


Rosto
Tu sabes o meu rosto
de entre a multidão.
Tu sabes que as palavras
não me saiem das mãos
Tu sabes que os segundos gastos
fazem o tempo.
Tu sabes que um dia
passei por ti durante anos,
de olhos fechados
e de coração mendigo.
Mas não sabes
para onde vou
quando a lua
brilha na escuridão.
Nunca te levei comigo.

Tuesday, April 04, 2006

INNUENDO
While we live according to race, colour or creed
While we rule by blind madness and pure greed
Our lives dictated by tradition, superstition, false religion
Through the eons and on and on
.....
Porque podes ser quem tu quiseres


Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos,
não se encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação dos lábios.
Nuno Júdice

Sunday, April 02, 2006















Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte
Alexandre O'Neill

Saturday, April 01, 2006

Mãe,
onde estiveres,
continua a receber
as minhas rosas
por teres nascido neste dia.
O meu amor por ti
não tem dia de aniversário
porque nasceu antes de mim
e perdurará na eternidade
contigo
estou sem inspiração para criar um mentira neste dia!