Wednesday, April 19, 2006

Já viste o infinito do olhar?
Encosta a tua face,
tão perto quanto conseguires
perceber o respirar.
Sente a pele sem a tocares
e olha os lábios.
Centra-te na sua forma
e goza o sorriso que é teu, ali.
Observa, devagar, cada pequena ruga,
cada pequeno sinal dessa face
e passa suavemente as mãos pelo cabelo.
Os olhos que, em cada momento atrás,
foram sempre porto de partida,
são agora, finalmente, o teu repouso.
Prepara-te para suspirar num silêncio.
Fecha os teus olhos para depois admirar:
são os contornos das pestanas,
olhadas uma a uma,
e os teus dedos que queres ver passear
naquelas pálpebras.
Depois, perde-te naquele
caleidoscópio de cores invisíveis:
viste o infinito
do olhar?

10 comments:

Maria Carvalho said...

Obrigada pelas palavras nas minhas romãs. Gostei muito deste poema. Beijos.

Papoila said...

Gosto das tuas visitas ao meu campo, Lua, pelos raio de luar que lá espalhas. Lindo poema de tranquilidade e harmonia na procura do eu. Beijo

Isa e Luis said...

Lindo lindo,adorei!

"O silêncio de um olhar por vezes diz tanta coisa"


Jinhos fofos

Isa

Lúcio Ferro said...

Vi tu menos o infinito. Aliás, que vem a ser isso do infinito? O que não tem fim? Mas se no Mundo tudo tem fim, como conceber o infinito?

PS - As sandes eram de mortadela.

Ligada à Terra said...

Lobo, a matemática prova que não!

Anonymous said...

Lua, vim ler-te...
e fiquei encantada com este poema...parei aqui, li e reli...
É lindo...tocou-me no fundo da alma...
Tal como tu, acredito no infinito do olhar...
...e diz-nos tanto, um simples olhar...!!!!

Beijos muito mágicos

Lúcio Ferro said...

Caríssima EU:

O Universo é infinito? Mesmo aí a matemática não prova coisa alguma. Tudo tem um princípio e um fim. Mesmo o que ainda não terminou.

Lúcio Ferro said...

E o primeiro que me achar dogmático que me dê um exemplo de algo infinito! Logo lhe darei mil exemplos infinitos que no tempo se finaram.

Ligada à Terra said...

Verdade que os matemáticos entendem o infinito como uma entidade dotada de existência, mas é um acto de fé!
Como disse Poincaré: é esse nós que é o infinito!

Promenade Du Feu said...

Deixem-se de infinitudes, aliás, tendo em conta que muito provávelmente nenhum de nós alguma vêz irá mais alem que a terra, que interessa se há mais alem?