Saturday, June 30, 2007



Num emaranhado, suportado em fios de seda,
pouco visível mas forte
descubro as minhas mãos,agarrando o nada.
E mesmo que os olhos, de lágrimas encharcados,
guiem os passos num caminho enganado,
esta seda, purpúra e doce, prende-me a vontade
e sufoca-me na minha própria sorte.

Saturday, June 23, 2007



Para ti, Violeta, com a mágoa de ter sido tão curta a tua passagem por cá!

Sunday, June 17, 2007



Acredito que a loucura seja visita assídua deste espaço!

Thursday, June 14, 2007



COLUMBINA – Estou então entre dois fogos?

PIERROT (avança um passo, com ambas as mãos no peito) – O do meu coração, Columbina!

MEFISTÓFELES (avança também um passo, dobra-se numa leve reverência) – Columbina..., o do meu desejo.

COLUMBINA – Sois perseverantes, vejo-me reduzida a ouvir-vos. Já é um triunfo vosso. Ainda bem que sois dois, um neutralizará o outro. (Puxa de uma cadeira, senta-se a meio da cena, voltada para o público.) Vem cá Pierrot! (Pierrot, de salto, vem cair a seus pés) Vem também, Mefistófeles! (Mesfistófeles adianta-se com aprumo e graça, pára a seu lado, espera.) E agora divirtam-me! conquistem-me! façam-me esquecer que me obrigam a ouvi-los.

PIERROT e MEFISTÓFELES (a um tempo) – Quando aqui entrei Columbina... (Calam-se ambos, entreolham-se; cada um espera que o outro prossiga. Silêncio breve.)

COLUMBINA – Não comecem por falar ambos a um tempo! e não principiem assim. Que vão dizer-me? O comum: «Quando aqui entrei, Columbina, não supunha vir encontrar...» Ou então: «Quando entrei, Columbina, já trazia a certeza de vir encontrar...» Pelo amor de Deus! lembrem-se que sou uma rapariga mais ou menos moderna.

PIERROT – Eu não ia dizer isso, Columbina.

COLUMBINA – Apostamos que sim?

MEFISTÓFELES – Veio-te à cabeça que o dissesse eu?

PIERROT – Bem, Columbina: é verdade! Eu ia dizer: «Quando aqui entrei, Columbina, já sabia que me aconteceriam grandes coisas...»

COLUMBINA – Aconteceram, Pierrot?

PIERROT – Encontrei-te, minha Columbina.

COLUMBINA – Vês? Caíste na cilada.

PIERROT – Também a não evitei, Columbina.

COLUMBINA – Mas porquê? Por que disseste exactamente o que eu queria... isto é: o que eu receava que dissesses? Não sabes nada menos repetido?

PIERROT – As palavras mais repetidas podem tornar-se novas. Toda a gente as diz, quase ninguém as sente.

COLUMBINA – Ninguém! Só tu.

PIERROT – Sou poeta, Columbina. Descubro a virgindade das coisas gastas.

COLUMBINA (para Mefistófeles) – Socorre o teu amigo, Mefistófeles! Pierrot está em grande perigo.

PIERROT – Em grandes perigos. A qual te referes?

MEFISTÓFELES – Não sou amigo de Pierrot. Não o conheço.

PIERROT (imediatamente) – Não sou amigo de Mefistófeles; nem pretendo conhecê-lo.

MEFISTÓFELES – Só perdes. Tenho algum interesse.

PIERROT – Talvez também tu percas. E a falar verdade, não me parece que tenhas grande interesse.

MEFISTÓFELES – Estás a ser pouco amável, Pierrot. Não é uso, cá na roda, tratar-se um rival com essa falta de cortesia.

PIERROT – Quem te diz que pretendo aprender os costumes da tua roda?

MEFISTÓFELES – Sou mais gentil do que tu: Não quero crer que os ignores. (?)

COLUMBINA – Mas tem graça!: estamos aqui os três sem nos conhecermos. Tanto melhor... assim nos podemos interessar uns pelos outros. Que interesse podem ter as pessoas conhecidas?

in, as Três Máscaras de José Régio

Tuesday, June 12, 2007

Oh Fernando de Bulhões!
Perdemos o vinho tinto para a caipirinha, perdemos o fado para o samba.
Se tenho que dividir o meu santo com outro país que seja com a Itália, é mais justo!
E depois, eu gosto dos italianos. Sabem olhar, têm aquele jeito do sangue quente que adorna os gestos, e não só...
Eu troco as brasileiras e os portugues que destilam baba sobre elas por uns santinhos italianos.
Oh Fernando, oh Santo das coisas perdidas encontra-me o bacalhau com grão porque já não aguento pedir maminha (isso para uma mulher é díficil) nos restaurantes.
Se o Fernando quisesse a Daniela Mercury na festa dele tinha ido morrer à Bahia, não acham?

Saturday, June 09, 2007

Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
We meet every day at the same cafe
Six-thirty and no one knows she'll be there
Holding hands, making all kinds of plans
While the juke box plays our favorite songs

Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now

We gotta be extra careful
That do we don't build our hopes up too high
Because she's got her own obligations
And so, and so, do I

Me and Mrs.Jones
We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now
Well, it's time for us to be leaving
It hurts so much, it hurts so much inside
Now she'll go her way snd I'll go mine

Tomorrow we'll meet
The same place, the same time
Me and Mrs.Jones

We got a thing goin'on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now