Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo meu sonho,
dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas
Cecília Meireles
4 comments:
Amiga Lua, foi um prazer vir aqui e ler coisas lindas. Adorei amiga. Tudo de bom para ti. Um beijinho da amiga Lacinho.
olá:))boa escolha.Adoro ler Cecília Meireles.
Bom fim de semana.
Jinho
Isa
Olá Lua...cheia de graça...mãos partidas para não mais teclar o que nasce de ti...Um abraço.
ai! gostei de tudo do poema, da imagem,da sensação que ficou em mim depois do poema e da imagem...uma espécie de prostração interior pela contemplação de uma beleza triste...
Post a Comment