Friday, July 21, 2006















Dá-me a tua mão: vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei naquilo que existe
entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo
e que é a linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia
por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo,
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.
Miguel Torga

4 comments:

£ou¢o Ðe £Î§ßoa said...

É mesmo no espaço dessa linha que eu te beijo...

Kiss pour toi, até outro instante!

*As palavras são lindas, parece-me que um dia destes as vou levar daqui para ali.

Papoila said...

Fiquei surpresa com este belo poema, e mais ainda quando li o nome do seu autor.
Que poema fantástico!
Obrigada por o partilhares... tal como a música.
Beijo

Anonymous said...

Belíssimo Poema!!!
Admiro muito o autor...

Estarei aqui em seu Espaço
sempre que oportuno.

Ficarei muito feliz com sinal
de sua presença em meu canto.

Feliz fim de semana.

BeijoComCarinho
ConchitaMachado

Anonymous said...

Cool blog, interesting information... Keep it UP » » »