Tuesday, April 11, 2006















O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda

4 comments:

Eclipse said...

Sou um grande apreciador da poesia de Neruda. Um poeta com P maiúsculo.

Obrigada pelas palavras deixadas no meu eclipse.

Um abraço e uma Páscoa Feliz.

Anonymous said...

Tão pequenina, oh! menina.
Quem a vê não imagina
seu poder, sua força,
seu carisma, sua sina.

Se a vê cair,
num oceano, num mar,
se a vir sumir,
nem se coloca a pensar.
Pra quê pensar?

Se cai na rua e rola
ninguém percebe nem chora...
GOTA, que o calor evapora.

Tal gota, tal chama,
tal como faísca que inflama,
mas basta a GOTA
para apagar o fogo que
começa a queimar.

Nem pense que a GOTA é
pobre, que não tem vida, só
morte, pois quando a vida está
indo, a GOTA é sorte que vem
vindo.

GOTA que cai de mansinho,
com sua força se solta,
mergulha no rio a caminho,
trazendo a vida de volta.

GOTA que cai.
Visão que se vai.
Qual imaginação.
Poder...


Somos todos GOTAS,
na imensidão do Universo.
Somos todos poder,
na imensidão deste verso.

Nunca subestime a força de um sorriso...
o poder de uma palavra...
de um ouvido para ouvir... um honesto elogio...

o envio de um e-mail...
ou até o menor ato de carinho!
Desconheço a autoria

Lúcio Ferro said...

Traduzido por?

Anonymous said...

Adoro Pablo Neruda...adorei passar por aqui!!!!

Beijos encantados

Obrigada pelas visitas à minha casa de magia ;)