Friday, April 07, 2006

Metade
E que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos nem a boca.
Porque metade de mim é o grito,
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que tristeza.
Que o homem que eu amo seja prá sempre amado,
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,como a única coisa
que resta a uma mulher inundada de sentimento.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim
é o que penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
Que o convívio comigo
mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto
o doce sorriso que me lembre a liberdade da infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia,
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor, e a outra metade...também
Vinícius de Morais

4 comments:

Isa e Luis said...

Belíssimo poema, uma boa escolha.


Tem um fim de semana delicioso


beijinhos

Isa

Anonymous said...

Pois é menina... também coloquei essa METADE no meu blog e na altura nem sabia a quem atribuir a autoria, optei por Oswaldo Montenegro e não é que um dia destes recebo um email a reclamar a autoria de METADE?
Pois é... esse alguém é Mauro Burlamaqui Sampaio, está radicado em Portugal, tem a nacionalidade brasileira e diz que a tem Registada no Ministério da Cultura e na Sociedade Portuguesa de Autores, enfim...
Bom, foi apenas para fazer conversa contigo.
Um doce beijo para ti...
Mas que essa Metade tem força tem!!

Anonymous said...

Ola !

Muito interessante , tenho contactado os bloguers nacionais e
internacionais que estejam a divulgar o Poema METADE .

O Poema não é de Vinícius de Moraes , nem de Oswaldo Montenegro ,
nem de Ferreira Gullar, Ferreira Gullar possui um poema chamado Metade de mim .

Oswaldo Montenegro
editou e declama a Poesia METADE há 18 anos sem que eu soubessse em Portugal.

É só para dizer que fico contente com o facto de o ter editado e também para confirmar o mesmo que já comuniquei ao Blog Louco de Lisboa que muito simpáticamente
respondeu .

Lentamente todos os Blogs já começaram a divulgar a novidade .

Brevemente abrirei um blog .



Estou a enviar um Poema Chamado ;
" O ENCONTRO " Caso queira recebê -lo faça o pedido pelo meu por email
Muito Obrigado

Sucesso para o Blog

O Autor; Mauro Burlamaqui Sampaio

Anonymous said...

ESCLARECIMENTO AO PÚBLICO

Vimos, na qualidade de mandatários da OM Produções Artísticas ltda., prestar os seguintes esclarecimentos:

a) a bela poesia "Traduzir-se", de autoria do consagrado poeta Ferreira Gullar , publicada, no seu livro "Na vertigem do dia", nada tem que ver com a poesia "Metade", de Oswaldo Montenegro, divulgada, pela primeira vez, no texto da peça "João Sem Nome", no Rio de Janeiro e em Brasília. A referida obra foi também publicada no álbum Trilhas, gravado alguns anos depois, e no álbum "Oswaldo Montenegro ao vivo", no ano de 1988 e lançado pela Sigla, dessa vez editada pela Warnner Chappel, editora que detém os direitos de arrecadação autoral.

b) a eventual semelhança externa no texto das duas obras nada tem que ver com seu conteúdo e com a temática levada a termo pelos dois autores. Jamais houve, entre ambos, qualquer questionamento dessa natureza.

c) desde a década de 90, entretanto, com o advento da Internet e com a massiva divulgação do texto "Metade", sem qualquer controle possível por parte do autor e dos editores da obra, um conjunto de autores, individualmente, vem surgindo a reivindicar ilicitamente a autoria da mesma, nos países de língua portuguesa. Em Angola, um autor desconhecido foi premiado em um concurso de proporções nacionais, por ter assumido indevidamente a autoria do texto.

d) por outro lado, surge, agora, um autor brasileiro, residente em Portugal, contestando a titularidade do Sr. Montenegro e reivindicando a autoria da obra, mediante manifestação escrita em vários blogs nos quais a obra é gratuitamente divulgada.

e) o referido senhor já foi formalmente notificado, com recomendação no sentido de que suspenda esse tipo de manifestação, pelo menos até que sua reivindicação seja apreciada pelas vias legais, sob pena de responsabilização por perdas e danos.

d) esclarecemos que este escritório detém a guarda de toda a documentação comprobatória de datas de divulgação, publicação, execução e registros, (estes últimos feitos há bem mais do que os 20 anos do registro supostamente realizado pelo senhor que reivindica ilegalmente a autoria do poema), além de ter arregimentado todo um rol de testemunhas que, ao tempo certo e na conformidade do rito processual adequado serão devidamente apresentados e confrontados com aqueles apresentados pelo referido senhor.

Ulysses Machado
OAB/DF 5.853
PUPPIN & NORONHA advogados